terça-feira, 8 de novembro de 2011

Viagem Serra do Sudeste / Lagoa dos Patos - parte 4





Chegando em Arambaré nos dirigimos a casa que alugamos com o Sr Osmar da Pousada Arambaré    http://www.pousadaarambare.com.br/ que nos recebeu muito bem e nos indicou o Restaurante Pulperia http://www.turismo.rs.gov.br/portal/index.php?q=estabelecimento&mun=&cod=&te=&opt=&id=9025&fg=3&ts=     onde saboreamos um filé de traíra com um acompanhamento, que nos restabeleceu as forças investidas nos 80 KM pedalados naquele dia, sob condições extremas de sol forte e estradas em construção.
Após uma noite de sono, às 6:30 da manhã já estávamos à postos e nos preparando para enfrentar o quê viria à ser o dia mais emocionante de nossa aventura pela Lagoa dos Patos.




Com o intuito de fugir da movimentada BR 116, era nosso plano desde quando essa viagem foi pensada, que faríamos o trecho Arambaré/São Lourenço do Sul por estradas de chão que se situam mais próximas à Lagoa dos Patos e onde poderíamos desfrutar melhor da sua exuberante natureza. Com certeza essa foi a mais acertada de todas as decisões que tivemos de tomar.



  




















A pedalada aqui se mostrou muito agradável, com a estrada sem fluxo de automóveis e toda ela em terreno plano, uma verdadeira experiência de interação com a fauna e a flora da várzea da Lagoa dos Patos.



























Em 20 KM pedalados chegamos ao canal de Santa Rita do Sul


Daqui pra frente mais 30 km até a localidade da Pacheca onde faríamos o descanso para o almoço e logo após atravessaríamos o Rio Camaquã com a balsa.




Momento de descontração no interior do Armazem Barcelos.  




Chegando na balsa da Pacheca uma surpresa que quase põe fim em nosso objetivo de chegar até São Lourenço do Sul. Logo ao nos aproximarmos do local da balsa, encontramos um morador que nos recebeu com uma notícia desanimadora: "olha pessoal, a correnteza do rio está muito forte e a balsa não está passando". Foi mais que uma balde de água fria em nossos planos; já havíamos feito 45 km de Arambaré até ali e tínhamos que percorrer mais 45 km até nosso destino ou seja, São Lourenço do Sul. Uma coisa é você fazer essa quilometragem  em direção ao seu objetivo, a outra é faze-la pra retornar ao ponto de partida, com todas as frustrações que isso implica. Confesso que um desanimo quase que absoluto tomou conta de mim naquele instante, muita coisa já tínhamos superado até ali, só pra citar duas: o odômetro do meu ciclo computador já marcava quase 200 km pedalados desde a saída de Encruzilhada do Sul até ali, sendo que 140 destes, fiz com meu braço em  condições nada favoráveis, de quem sofreu um acidente com deslocamento do mesmo em relação ao ombro e isso já no primeiro dia de viagem. Logo, naquele instante perdi o "horizonte" do quê fazer(?); mas meu amigão Mário não; o cara começou a bater de casa em casa até achar o "Anjo Daniel" ou melhor Daniel Schiavon Silva, esse é o nome dele, um morador da Pacheca que junto com seu amigo, o Seu Hélio Gonçalves, barqueiro "matreiro" do Rio Camaquã, nos devolveu o sonho de chegar a São Lourenço do Sul via estrada da Pacheca.






Seu Hélio




                      


























Seu Hélio, Mário, Daniel e Luciano, são e salvos e já na outra margem do "Velho Camaquã".








É incrível como em uma viagem dessa natureza, nós reforçamos ainda mais a ideia da interdependência de todas as coisas. Aqui se você não sair do individualismo ao qual a vida na cidade acaba por forjar-nos, você não vai muito longe não. É preciso romper as amarras do egoísmo e se entregar para um outro"nível" de experiência, onde tem de haver cooperação e acima de tudo humildade para reconhecer que seu desejo e seu caminho, dependem e também passam por mãos alheias. Fiz pessoalmente, mas gostaria também de deixar aqui o meu sincero agradecimento; muito obrigado Daniel, muito obrigado Seu Hélio!!!


Devia ser umas 15:00 quando enfim atravessamos o Rio Camaquã, de margem à margem bem mais largo e com maior volume de água do que eu já tinha o visto em outros pontos, como por exemplo no Passo da Guarda em Encruzilhada do Sul; motivo este por já estar quase no final de seu curso, bem mais perto de desembocar na Lagoa dos Patos e enfim dissolver-se no "Mar de Dentro".


Pra nós ainda havia 45 km de pedalada até São Lourenço do Sul e uma sanga por atravessar, coisa que ao contrário do barqueiro que não quis nos passar, o Seu Hélio e o Daniel disseram que conseguiríamos sem maiores riscos. Então lá fomos nós...



  Depois de todo esse perrengue veio uma estrada de várzea muito bonita e com paisagens não menos deslumbrantes das que já havíamos visto antes, uma chuva mansa que por nenhum momento nos desanimou, mas muito pelo contrário foi sentida como uma benção depois de tantas lutas. Foram os 45 km finais daquele dia onde falamos menos e contemplamos mais; atitude totalmente justificável depois de tudo que passamos não só nesse dia -que foi muito especial- mas por tudo que tínhamos vivenciado até ali... 





Chegamos em São lourenço do Sul quase ao cair da noite e nenhuma bateria mais na câmera digital para o devido registro, mas eu particularmente com uma sensação que esta marca de ter chego à um lugar que se propôs, já não fazia mais o menor sentido e não tinha mais a menor importância; isso são coisas do ego, deixemo-las para trás, desapeguemos, façamos como os antigos, que batiam a poeira das sandálias quando deixavam um lugar ingrato, mesmo porque me dei conta de quê, as coisas de grande valor que se encontram nas entrelinhas de uma aventura como essa, não estariam à nos esperar no destino porém, haviam ficado pelo Caminho.   

2 comentários:

  1. Potz, grande viagem!
    Já estou pensando em fazer uma destas, ao redor, dos lados da Laguna... Deve ser muito bom, tudo, as paisagens, o povo, os animais, a natureza diversa, e pedalando tudo fica melhor ainda.
    Muito obrigado! Abraço e bons ventos!

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  2. Valeu Tapejara, foi muito bom sim e esse é o espírito do blog, orientar, incentivar e instigar o salutar contato com a natureza. Tenho certeza que tu vais gostar muito de realizar essa experiência. Ficamos a disposição se precisares de informações mais detalhadas sobre o roteiro. Aquele abraço!

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