TREKKING PONTAL DE SANTO ANTÔNIO (Parte 01).

O Trekking Pontal de Santo Antônio foi uma grata surpresa entre tantos que fizemos por aí à fora; lugar de extrema beleza situado no município de Tapes RS à 110 km de Porto Alegre.
O pontal é um braço que forma o Saco de Tapes, com 35 KM de extensão partindo do centro do município. Formado por dunas, florestas de pinus e banhado pelas águas da Lagoa dos Patos o exotismo da paisagem é algo que nos surpreendeu desde o primeiro momento quando desembarcamos no Pontal de Santo Antônio.

Com a parceria dos amigos Nilo e Geraldo, colocamos o nosso projeto em ação no mês de novembro e num domingo (04 de dezembro) estávamos com a mochila nas costas e o pé na trilha, começando nossa aventura de 4 dias pela região da Lagoa dos Patos, mais especificamente nos municípios de Arambaré e Tapes.

Começamos nosso trekking em Santa Rita do Sul no final da tarde de domingo e como a luz do dia já estava findando, achamos um ótimo Capão de mato para montar nosso primeiro acampamento e passar a noite. Com a graça da natureza, tivemos uma primeira noite de gala, com céu límpido e propício para a observação de estrelas, um espetáculo à parte na região do "Mar de Dentro.

No amanhecer do segundo dia a vida da Lagoa e seus habitantes nos dão as boas vindas e de ânimo renovado com um bom café da manhã rumamos à Arambaré onde percorreríamos 17 KM até o centro da cidade e após breve almoço, mais 35 KM (agora de carro) até o município de Tapes, onde o mais que atencioso Sr. Osvaldo, amigo do Geraldo, nos conseguiu contato com um pescador local que em 1:40h nos deixaria no ponto mais extremo do Saco de Tapes para aí sim começarmos o que podemos chamar de Trekking do 'Pontal de Santo Antônio'.

O cicerone Graxaim

Iniciamos a travessia de barco e é importante registrarmos aqui que essa já é uma aventura à parte, algo realmente muito divertido e por quê não dizer relaxante, já que nos colocou em contato mais íntimo com a grandeza e a paz da Lagoa dos Patos, uma espécie de iniciação para o que viria nos próximos dias.

A viagem foi tranquila e muito agradável, o dia estava ajudando, com céu de brigadeiro e pouco vento, em 1:40h estávamos chegando no Pontal de Santo Antônio e já ao descermos do barco uma grata surpresa que merece um capítulo à parte aqui...

A Cabana da Noelí

A Cabana da Noelí é uma cabana pra lá de simpática e muito bem cuidada 'Cabana Comunitária', que mesmo sem a presença de ninguém por lá naqueles dias, se encontrava muito bem arrumada, limpa e organizada para quem por ali passasse e quisesse fazer uso de suas dependências e utensílios, desde que deixando tudo como encontrado anteriormente é claro. E aqui gostaria de deixar uma consideração para quem estiver lendo esse relato: cabanas comunitárias são algo que nos dão uma espécie de boas vindas e acolhimento onde quer que às encontremos. Para quem vive no meio urbano é uma quebra de paradigma, um sobressalto que nos faz acordar em um "outro mundo", quando nos deparamos com essa experiência, tão desprendida, tão respeitosa, tão acolhedora e por que não dizer tão amorosa...não pernoitamos lá, mas usamos alguns utensílios para o nosso jantar, lavamos e deixamos tudo direitinho, em seus lugares, junto com uns mimos pra Noelí,  que não conhecemos (?) mesmo assim, obrigado Noelí! Que Deus ti abençoe guria.

Acampamento montado, depois de um baita banho no "Mar de Dentro" o que nos restou foi um maravilhoso jantar, boas estórias na beira do fogo (feito e desfeito com técnica) e um sono indescritível naquele lugar de beleza sem igual.

Continua parte 02...

Trekking de 26 KM

Palavra de origem sul-africana que significa seguir um trilho, o Trekking é exercício pro corpo e pra alma. Por sua natureza contemplativa é incrível as longas distâncias que podemos fazer sem sentirrmos, ainda mais quando a natureza em nossa volta nos incentiva à isso...

Dessa vez o percursso foi feito pela estrada do Chanã, logo em seguida desviando por um corredor que me levaria ao Passo das Canas e retornando pela estrada do Iruí, percursso esse todo localizado em Encruzilhada do Sul.

 

 

 

Não tive o intuito dessa vez, de pernoitar ao longo do trajeto, logo percorri os 26 Km de lindas estradas de terra em um só dia, me facilitando assim a logística dos equipamentos; então foi só o necessário mesmo - mochila de ataque, bolsa de hidratação, protetor solar, lanche e lanterna de cabeça - nesse caso o pouco peso foi um facilitador para transpor a distância exigida, pois se tivesse que acrescer barraca, saco de dormir e uma mochila cargueira, aí com certeza ficaria difícil e penoso fazer essa distância em apenas um dia. Assim pude curtir bem mais a formosa paisagem rural de Encruzilhada do Sul sem precisar de longas paradas para descanso, foi realmente muito agradável.

A paissagem predominantemente rural no entorno da parte central de Encruzilhada do Sul é algo realmente encantador, suas cores, campos floridos e sua luz, tornam o ato de caminhar, mais do que isso para que tem olhos de ver...

                                                                                 

É incrível como num caminho desses e quando estamos sozinhos, como nosso diálogo interno se intensifica, como fica claro para nós tudo que passa em nossa cabeça e consequentemente a higiêne mental é uma benção que a natureza das coisas nos tráz, no seu estado mais puro, na sua beleza harmônica e no silêncio que por alguns momentos incursionamos.

 

 

 

Uma parada para o descanso e para observar a vida rural na estrada do Iruí...

E faltando 6 km para o fim do Trekking veio a "cereja do bolo", um crepúsculo onde por quase 1 hora fiquei a me maravilhar com as nuances das cores enquanto o Astro Rei se ia sob o horizonte...Eu em profundo estado de agradecimento, com o corpo dolorido de tanto andar, mas com aquela sensação a plenos pulmões, de que tudo valeu a pena. 

PEDAL 60 KM ENCRUZILHADA DO SUL - PASSO DA GUARDA

E mais uma vez tive a satisfação de percorrer pelas estradas de chão de Encruzilhada do sul o belo trecho que vai do centro da cidade até às margens do Rio Camaquã no balneário do Passo da Guarda. De novo escolhi fazer o percurso todo por estrada de chão, longe do ruido do asfalto e naturalmente com uma integração muito maior com a Mãe Natureza. Descendo pela serra da Maria Santa, pude novamente vivenciar vários espetáculos naturais, como uma noite de lua nova, estrelada, que longe da interferência das luzes da cidade se tornou um verdadeiro "teto de estrelas" sobre minha cabeça, ainda tive como companhia, os olhos de animais selvagens à espreitar entre a vegetação que costeava a estrada e que ao serem refletidos pelos faróis da bicicleta, me "amadrinharam" por toda a parte noturna do percurso até chegarem os primeiros raios do dia...Estando só, fui tomado de uma sensação intensa de privilégio, privilégio por imaginar que naquele momento as pessoas dormiam em suas casas, enquanto eu, em contrapartida estava ali, com os olhos enxarcados de tanta beleza, ainda mais naquela hora do dia em que percebemos haver tanta paz na egrégora da Terra... Enfim deixo aqui, em forma de imagens, um pequeno registro do que vi nos 60 km's percorridos, onde pude me deleitar com as belezas que a natureza nos apresenta, quando nos dispomos a comungar com ela...                   




                5:00 da madrugada tudo ok, lá vamos nós

              Depois de 18 dos 60 km's pedalados começa clarear o dia

                                         Os campos e seus mistérios...

                               



                                  Os primeiros raios do dia

 

 

                                                                            

                                                                


            
                            Pequena tapera a beira da estrada

                                                                                    




KM 20 e os campos do alto da serra começam a mostrar seus encantos

 

 

 

 

 

                                     Km 33 e uma parada para o café da manhã

Depois de mais da metade do percursso pedalado, enfim chego a ponta da serra da Maria Santa e antes de começar a descer em direção a várzea, mais imagens impressionantes desvendando a beleza do lugar...

Ao chegar na várzea, ainda resquícios do tradicional nevoeiro da noite, afinal ja estava a 15 km do rio Camaquã, mas ainda a natureza reservava muitas surpresas até o final desse percurso...

A vida é movimento ininterrupto, a noite quando algumas criaturas dormem, outras seguem seus afazeres e a manhã trás os resquicios de suas vivências...

 

 

 

 

 A fauna exuberante que se mostrou nessa parte da estrada foi uma grata surpresa...

 

 

"Passo da Guarda 3 km", quase lá...

                                                          A pescaria dos Patos

                                                           Um pequeno morador

                             Simpático encontro de gerações

 



                      Bar da Tia - cerveja e salgados ali.
obs.:notem que depois da palavra "salgado" vem em seguida e quase imperceptível a palavra ali. É o melhor da publicidade kkk.

                                   O descanso das tarrafas

                                 A balsa do Passo da Guarda

                                          Rio Camaquã 

           


Fato curioso: com ninguém no local para bater uma bolinha, as goleiras do balneário serviram como varal para secagem das roupas do ciclista, depois de 60 km's pedalados e muita transpiração...

Enfim poderia ter sido o final de uma noite de sono, mas aqui fica um pequeno registro do que vivi nesse dia, das 5:00 da madrugada até às 11:00 da manhã; há um velho ditado que diz que: "Deus ajuda quem cedo madruga" e talvez o criador tenha ajudado sim, ajudado a "percebê-lo", através da beleza da natureza, que acaba causando, tanta paz ao coração dos aventureiros.